Hoje em dia, muitas empresas possuem receio de realizar todo o processo de contratação, seleção e integração de um funcionário, para, logo depois, perdê-lo. Isso porque, além de ser necessário fazer todo o processo de seleção e recrutamento mais uma vez, a empresa ainda fica no prejuízo.
Dessa forma, compreende-se que um dos problemas que toda empresa precisa saber enfrentar é a rotatividade de funcionários. Esse movimento é conhecido como turnover, sua principal característica é a entrada e saída de colaboradores. Tal situação seja por parte do próprio funcionário ou por parte da empresa sempre costuma ser prejudicial aos negócios.
Por mais que o turnover seja um problema muito comum, é fundamental ter a consciência de que ele não pode ser ignorado, pelo contrário, precisa ser prevenido ou reduzido. Nesse sentido, aqui você irá entender o que é, quais são os tipos de turnover e como calcular a taxa de rotatividade de uma corporação e mais alguns tópicos importantes sobre esse assunto.
O que é turnover
O turnover significa a taxa de rotatividade de funcionários, ou seja, é um índice que mede o número de funcionários que saem de uma organização durante um certo tempo (normalmente um ano). É importante mencionar que toda empresa possui uma taxa de rotatividade que é saudável até certo ponto.
No entanto, a presença de altas taxas costuma ser um indicativo de problemas, como uma má administração, infraestrutura precária, uma remuneração abaixo da média ou até uma simples baixa na motivação profissional. Ademais, um turnover muito baixo também não sinaliza um cenário ideal.
Portanto, visando uma melhor eficiência de uma empresa é necessário aplicar mecanismos que avaliem os impactos de certas ações no negócio para, assim, identificar aquilo que funciona na rotina de trabalho e aquilo que é prejudicial aos negócios.
Quais as principais causas de turnover?
As causas do turnover são abrangentes, de acordo com os diferentes tipos que podem vir a ocorrer. Nesse sentido, é importante mencionar, de maneira individual, de que forma essa rotatividade pode se dar dentro de uma empresa, objetivando, assim, a melhoria dos processos. A seguir estão as principais causas de turnover no Brasil:
Estabelecimento de metas inatingíveis
Em muitas companhias, os funcionários reclamam do volume de trabalho, por ser maior do que o período disponível para produção. Consequentemente, as metas não são atingidas e a gestão se incomoda com isso. Ademais, os profissionais são levados à exaustão e, assim, eles acabam pedindo demissão por se sentirem frustrados.
Tratamento diferenciado
Casualmente, pode ocorrer de um chefe tratar de maneira diferenciada seus funcionários preferidos. O resultado disso é uma inimizade entre os membros da equipe e, por conseguinte, uma alteração na produtividade. Dessa forma, é interessante que não haja privilégios entre colegas de trabalho que exercem a mesma função.
Salários abaixo do mercado
Uma das causas mais comuns de demissão no país está associada à baixa remuneração dos trabalhadores em relação aos valores do mercado. Nesse sentido, muitos funcionários insatisfeitos com seus salários se demitem na busca de oportunidades que ofereçam uma maior rentabilidade no mercado de trabalho.
Ausência de plano de carreira
A ausência no plano de carreira é uma situação que provoca a desmotivação dos funcionários e, consequentemente, a redução brusca da produtividade. Isso porque os profissionais não são estimulados a se dedicarem à empresa que não lhe proporciona uma perspectiva de crescimento a curto, médio ou longo prazo.
Quais as consequências do turnover?
São diversas as consequências do turnover em uma empresa, a seguir estão algumas delas:
- Impactos na produtividade, na satisfação dos colaboradores e no lucro;
- O processo de contratação de novos é custoso;
- Os empregados ficam sobrecarregados com as tarefas;
- Desequilíbrio no clima organizacional, o que pode gerar conflitos.
Dessa forma, infere-se que um turnover reduzido ajuda a preservar tanto a imagem da empresa quanto o capital financeiro e intelectual. Porém, vale mencionar que o índice de rotatividade não é totalmente ruim, isso é algo que vai depender da forma de gestão, pois o turnover colabora na mudança ou na melhoria dos processos e do comportamento interno a partir de uma investigação aprofundada das causas e dos efeitos da rotatividade.
Quais são os tipos de turnover
Um funcionário que pede demissão por achar que a sua carreira estagnou tem motivações diferentes do que aquele que fez o pedido simplesmente por não concordar com muitas das decisões de seus chefes. Por isso, tais diferenças devem ser levadas em conta na hora de avaliar o índice de turnover. Dessa forma, aqui iremos conhecer os diferentes tipos de turnover, são eles:
Turnover voluntário e involuntário
O turnover voluntário é aquele que parte do próprio colaborador, ou seja, é o empregado que toma a decisão de encerrar o vínculo com a empresa.
Para a empresa esse deve ser um sinal de alerta, uma vez que tal decisão tende a ser influenciada por uma má gestão da liderança.
Todavia, essa não costuma ser a única razão para um turnover voluntário. Veja a seguir, outras razões que estimulam empregados a pedir desligamento de uma empresa:
- Proposta de trabalho mais atrativa em outra(s) empresa(s);
- Conflitos internos que tornam a situação na empresa insustentável;
- Ausência do plano de carreira que motive o funcionário a se desenvolver;
- Problemas na comunicação com os superiores
Por isso, é fundamental que as empresas realizem entrevistas de desligamento, pois isso auxiliará na compreensão das causas que estimulam um colaborador a tomar a decisão de sair da companhia.
Turnover involuntário
Neste tipo de turnover quem pede a demissão do funcionário é o empregador. Tal situação gera gastos para a companhia, pois o processo da demissão envolve uma série de custos a mais para a empresa, previstos por lei na CLT.
Dentre as causas que mais estimulam esse tipo de turnover, destacamos as seguintes:
- Baixa performance do empregado ou desempenho inferior ao estipulado previamente;
- Violação de cláusulas contratuais;
- Conflitos internos que dificultam a situação de convívio e produtividade;
- Dificuldade em enquadrar-se à cultura organizacional da empresa;
- Dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa.
Mesmo que a decisão tenha sido tomada pelo contratante, é interessante investigar e entender melhor o motivo do desligamento, visando adotar posteriormente um método de recrutamento e seleção que seja mais eficiente.
Turnover funcional
O turnover funcional ocorre quando o funcionário com baixa produtividade pede demissão, por conta própria. É válido mencionar que este tipo de turnover pode ser positivo para a empresa. Dentre as vantagens da saída deste profissional, destacam-se:
- Economia, pois haverá menos responsabilidades a serem cumpridas;
- Contratação de um profissional mais apto para aquela vaga.
Turnover disfuncional
Já o turnover disfuncional acontece quando um profissional com boa capacitação se desliga por conta própria. Tal situação pode ser um indicativo de que a empresa não dispõe de condições financeiras ou de caráter organizacional para retê-lo.
Consequentemente, a produtividade e os resultados tendem a reduzir e a reputação da empresa passa a ser questionada. Portanto, esse é um dos tipos de turnover que deve ser analisado constantemente.
Calculando a rotatividade de funcionários
Para realizar esse cálculo, é necessário possuir os dados de entrada e saída de empregados na empresa. Tais números serão somados e divididos por dois. Posteriormente, o resultado deve ser dividido pela quantidade de trabalhadores do estabelecimento como está exemplificado abaixo:
Porém, cabe destacar que essa é a fórmula para calcular o turnover simples, ou seja, pode haver algumas variações nessa fórmula, uma vez que ela pode ser associada a várias outras métricas que permitem, por sua vez, uma análise mais detalhada e específica da situação da empresa.
Qual a importância do índice de turnover?
Atualmente existem empresas que negligenciam seus índices de turnover. Todavia, isso é um grande erro, pois esse índice é de extrema importância para o progresso de uma empresa. Dessa forma, a má gestão do turnover pode ser a causa de um negócio estar indo de mal a pior.
Uma perda expressiva de funcionários pode significar a ausência de:
- Capital intelectual;
- Liderança de processos internos;
- Conexões internas e com os clientes;
- Oportunidades de transações.
Portanto, é necessário dar a devida importância para esse índice a fim de que ele não se torne uma verdadeira “bola de neve". Tal situação, por sua vez, contribuirá para preservar a estabilidade e a integridade do negócio como um todo, bem como a relação com os seus clientes.
Quais os índices de turnover no Brasil e no mundo?
Uma pesquisa global realizada pela Robert Half -maior empresa de recrutamento do mundo entre os anos de 2010 e 2014, demonstrou que o Brasil é o país que possui o maior índice de turnover do mundo. Prova disso é que, no mundo, o índice de turnover sofreu um aumento de cerca de 38% nos últimos anos, enquanto que no Brasil, esse aumento passa de 82%, ou seja, mais do que o dobro em outros países.
Os diretores brasileiros apontam que a grande disputa por profissionais qualificados é a principal causa para o elevado índice de turnover no país.
Como reduzir o turnover na empresa?
Com o objetivo de promover uma redução no nível de turnover existem algumas ações estratégicas.
Tais alternativas podem ser planejadas e moldadas de acordo com a cultura da própria empresa. Essa personalização é importante, pois permitirá, de maneira mais assertiva, que a empresa alcance resultados mais satisfatórios e, assim, comece a contratar e a demitir pessoas de forma mais adequada. A seguir está algumas dessas estratégias:
Aprimoração do processo seletivo
Muitos diretores da área de RH não contratam de maneira eficiente. A consequência disso são as altas taxas de evasão. Por essa razão, é interessante que haja sempre um planejamento criterioso que leve em conta a cultura organizacional da empresa, bem como uma definição objetiva do perfil profissional ideal para a empresa.
Dessa forma, o processo de recrutamento será mais eficaz. Além disso, outra ação que pode ser muito benéfica para a empresa é a análise comportamental, uma vez que ela pode vir a apontar algumas questões que valem a pena serem aprofundadas.
Elaboração de uma política de benefícios competitiva
Essa é uma estratégia interessante para manter os funcionários sempre motivados e produzindo de maneira mais eficiente. Isso porque os colaboradores se sentiram mais valorizados por parte da empresa.
Portanto, é fundamental considerar esta ação como um investimento que auxiliará no desenvolvimento da companhia, e não como um gasto.
Estabelecimento de um jornada de trabalho flexível
Ao estabelecer uma jornada de trabalho adequada, priorizando, claro, a produtividade, sem deixar de lado as questões físicas e emocionais do funcionário, é uma alternativa para reduzir o índice de turnover da empresa.
Além disso, implementar uma maior flexibilidade da jornada de trabalho, como, por exemplo, o home office, pode ser uma mudança bastante positiva em uma rotina corporativa, isso porque uma empresa que demonstra preocupação com a qualidade de vida dos seus colaboradores torna-se mais atraente.
Cuidado com o aspecto motivacional
É fato que quanto mais motivado estiver um funcionário, menores serão as chances dele querer abandonar a empresa. Nesse sentido, uma instituição que constantemente oferece premiações, comissões, bônus e incentivos está estimulando uma competição interna que é saudável e benéfica para os negócios.
Desenvolvimento de um plano de carreira
Por fim, visando reter talentos e reduzir o índice de turnover é interessante que a empresa desenvolva um plano de carreira, uma vez que, por meio dele, os colaboradores terão mais foco, pois saberão até onde os seus esforços podem os levar, além do que eles vão ter a certeza de que serão recompensados.
Tal estratégia configura-se como uma alternativa eficaz para compor um quadro de funcionários que possua comprometimento com a sua rotina de trabalho e com o desenvolvimento da empresa.
